
Em uma carta enviada por um chefe índio dos Estados Unidos ao governo da Virgínia que solicitava que a tribo enviasse alguns jovens para estudar nas escolas onde os brancos estudavam, veio a seguinte resposta:
" (...) Nós estamos convencidos, portanto, de que os senhores desejam o nosso bem e agradecemos de todo coração. Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa idéia de educação não é a mesma que a nossa.
(...) Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando regressaram para nós eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportar o frio e a fome. Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo ou construir uma cabana, e falavam nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros.Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão concordamos que os nobres senhores nos enviem alguns de seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos deles homens."
Essa pequena história nos faz pensar no que é educação e o que é cultura.
Vivemos em sociedades diferentes, portanto culturas diferentes, interesses diferentes, formas de ensinar diferentes.
Segundo Clyde Kluckhohn cultura é "a vida de um povo, a herança social que o indivíduo adquire de seu grupo. Ou pode ser considerada a parte do ambiente que o próprio homem criou."
A passagem - perpetuação - da cultura é um processo social, produto direto da aprendizagem, seja na transmissão assistemática (sem escolas) ou sistemática (com organização planejada, onde há escolas).
Desta forma não podemos dissociar educação e cultura, mais sim entender que uma está umbilicamente ligada à outra e é função do educador ser o construtor desta base que sustentará a sociedade num futuro próximo, mais próximo que imaginamos.
2 comentários:
Caro Edgar
O meu comentário diz respeito não só ao texto que você escreveu, mas também à enquete sobre a diferença entre o aluno da rede pública e o da rede privada, pois acredito que, um não está dissociado do outro.
Recebi em meu correio eletrônico uma mensagem que versava sobre o filme da vida de Cazuza. Nessa mensagem uma psicóloga criticava veementemente o filme, alegando que o mesmo estava fazendo apologia a um drogado que só tinha conseguido todo sucesso, por ter nascido em uma família abastada que, pôde arcar com toda despesa para que ele pudesse fazer o sucesso que fez e mais outros comentários. A psicóloga criticou também a criação que ele teve, com todos seus desejos sendo feitos e que por isso ele se tornou uma pessoa mimada e ao mesmo tempo uma pessoa amarga e carente que, buscou nas drogas o freio que ele não teve na família. Além desses, ela fez várias outras crítica.
Onde estou querendo chegar com essa história? Mesmo não concordando com todas as críticas da psicóloga ao Cazuza, porém a família tem grande responsabilidade na formação do homem para a sociedade e os valores que agregamos durante a vida tem como base aqueles que nos foi passado por nossa família. Assim sendo a cultura de um povo é difundida a partir da família e nossos alunos refletem em sala de aula os valores que trazem de casa. E seja na escola pública ou na escola privada o seu aprendizado será bom ou ruim a depender dos valores que ele possua. Se existe desinteresse por parte da clientela da escola pública não é culpa nem da escola e muito menos do professor a culpa recairia na sua formação familiar. Mas como uma família, que não tem nenhuma assistência do poder público, pode dar aos seus filhos valores morais e éticos que eles os pais, não possuem?
Assim sendo a escola do branco que chefe índio não quis para seu filho, pois não tinha o conteúdo programático necessário a formação do filho do índio, poderia fazer uma adaptação curricular para que fosse atendida as duas partes, branco e índio.
Talvez seja isso que esteja faltando em nossas escolas, uma reavaliação curricular para despertar em nossos alunos "indios" o interesse, que acredito esteja faltando, para que eles possam melhorar o seu desempenho escolar.
Muito bom o post!Nem tudo que é bom pra um é bom pra outro,devemos respeitar as diferenças culturais e procurar aprender outras culturas,repensar a nossa e tentar harmonizar as diferenças!
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